1 de novembro de 2012

Sem sono, como sempre sem sono algum, ela passa a noite escrevendo!
Sonhos, devaneios, loucuras...
De manhã, um pequeno café e uma bicicleta.
- Vou cuidar de mim! Pensa ela!
Chegando em seu destino uma sombra, a bela luz da manhã dá lugar a um buraco negro que sai do meio dos olhos e cresce ao redor, engolindo todas as suas energias!
O som do mar vira um barulho ensurdecedor, o porto seguro se torna longe, quase inalcançável.
Uma dor que não se sabe de onde vem, atinge a barriga, uma dor insuportável.
Fica cada vez mais escuro, os pensamentos se embaralham, como nas cartas da Alice...
As cartas crescem, vem em sua direção, vermelhas, imponentes, e se desfazem segundos antes de a atingir.
E o estômago grita, se mexe, cresce a medida que os minutos se passam.
Ela se assusta, não sente mais os braços, não consegue mais andar.
Uma ânsia de vômito, a segunda, a terceira, nada sai...
Um copo de água, vozes embaralhadas ao ouvido, um pedido de socorro...
O sol começa a brilhar novamente, pouca coisa, tudo ainda meio embaçado, tudo ainda meio sem foco.
Ela senta. 
Ela vomita...
Vomita todas as dores, todos os gritos de desespero, toda aquela escuridão, todas as cartas da Alice.
É um vômito negro, uma carta de alforria!
Retoma a consciência, seus olhos voltam a focar
Uma sensação de bem estar, um pequeno alívio...
Seus pensamentos voltam pro lugar.
Ela se levanta, agradece a ajuda e volta para sua bicicleta, 
E apesar de se sentir melhor,
No fundo ela sabe, ela sente que o corpo estranho que habita em seu estômago, 
Em breve vai tomar conta de sua sanidade novamente!